A Caixa Preta da Governança – resenha do livro de Sandra Guerra
Finalizei a leitura do “A Caixa Preta da Governança”, de Sandra Guerra. Esta leitura, no entanto, teve um gosto diferente do usual. Comecei a ler no final de 2022, e em janeiro de 2023 veio à público a situação da Americanas. Curiosamente, no dia em que Sergio Rial deixava a presidência da empresa, li um trecho de sua entrevista à autora. Rial também escreveu um dos prefácios do livro.
Ter lido este livro enquanto o escândalo da Americanas veio à público foi muito interessante, e certamente complementou meu aprendizado.
Governança e o caso da Americanas
Primeiramente, o livro é extenso e enfático na responsabilidade dos membros do Conselho de Administração em relação às decisões tomadas. A autora deixa bem claro a necessidade e importância dos conselheiros tomarem decisões sempre bem embasados e conscientes dos vieses que possam estar presentes tanto no Conselho quanto no corpo executivo. A situação da Americanas expôs de forma inequívoca a importância de um CA atuante e questionador. Inconsistências contábeis da ordem de bilhões de dólares ao longo de anos não acontecem por mero acaso ou erro operacional. Dessa forma, foi necessário um conjunto de fatores que certamente incluem a ação ou inação do CA.
Desenvolvimento de comportamentos de conselheiros
Aprendi muito sobre o funcionamento de um CA por dentro de sua “caixa preta”. Entretanto, também pude confirmar aprendizados que construí ao longo de minha carreira:
Muitos dos problemas que permeiam CAs são de ordem comportamental. Ego, comunicação, jogos de poder, vieses, alianças, dentre outros, são aspectos presentes em todos os níveis hierárquicos nas organizações. A descrição de algumas reuniões de CAs no livro certamente se assemelham muito com outras que vivenciei como gestor ou consultor com profissionais tanto técnicos quanto executivos.
Em suma, quanto mais as empresas preparam seus profissionais (e estes também buscam seu auto aprimoramento) mais cedo aproveitarão os benefícios de contar com um profissional com comportamentos mais saudáveis, éticos e produtivos. A empresa não terá um conselheiro com dificuldade de enxergar seus vieses se isto tiver sido trabalhado quando ele era coordenador. Capacitação e treinamento continuam certamente sendo investimentos, e quanto antes eles acontecem, antes os retornos são colhidos.
(Texto originalmente publicado no LinkedIn)
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Eu atuo desenvolvendo pessoas há mais de vinte anos, e desde 2013 atuo como Mentor e Coach profissional. Tive a oportunidade de trabalhar com Executivos, Gerentes, Coordenadores, mas também com estagiários, profissionais liberais e empreendedores, de segmentos tão variados quanto TI, agronegócio, indústrias, startups, logística, entretenimento online e construção civil. Minha abordagem é pragmática e focada nos resultados do cliente, sem misticismos ou promessas inverossímeis. Entre em contato para conversarmos sobre seus desafios e como eu poderei ajudar!